A Independência na Beneficência

(Francisco Stolf Netto)

No passado, organizava-se o que eles chamavam de BANQUETE DA INDIGÊNCIA, que consistia em convidar para um banquete, indigentes para serem servidos pelo Maçom que os convidava.

Após comerem e beberem de tudo, ainda ganhavam as sobras, que na maioria das vezes, eram grandes quantidades de comida. Cada convidado recebia também, de quem os convidava, uma importância em dinheiro. A Loja ainda concedia o que chamavam de ESMOLAS, na verdade uma espécie de pensão, às pessoas carentes, doentes e inválidas, enquanto durassem as suas necessidades.

Individualmente, os Maçons ricos, no passado, eram bastante generosos. Em 1875, JOAQUIM QUIRINO DOS SANTOS, colocou à disposição das pessoas competentes, a importância de 5 contos de réis, com a finalidade de se estabelecer uma enfermaria às pessoas carentes. Com esse dinheiro foi construído um lazareto (isolamento para pessoas com doenças contagiosas). No pior momento da epidemia de varíola, que assolou Campinas, foram atendidos e tratados com todo desvelo e às expensas de Coronel Quirino, quase duas centenas de “bexiguentos” pobres. 

Entre tantos, é bom lembrar, de PHILEMON DE CUVILLON, médico francês radicado em Campinas, que mantinha em sua clínica particular, um ambulatório para atender a população de mendigos de Campinas. 

Também, Tomás Alves que, nas grandes epidemias de varíola e febre amarela que assolaram Campinas, denodadamente atendeu aos necessitados. Vale lembrar que foi também, fundador da Maternidade de Campinas, que atendia parturientes pobres. 

Ainda hoje, nossos médicos, anonimamente, atendem em seus consultórios ou clínicas, tanto os Maçons, como aqueles que lhes são enviados pelas Lojas ou Maçons de todo o território nacional.

Mais recentemente, em 1959, JOÃO GUILHEN GARCIA, contou em Loja, que para homenagear sua filha recém-falecida, esteve na cadeia pública e no asilo de velhos, distribuindo cigarros e gêneros alimentícios.

Por iniciativa de MANOEL DE SEIXAS QUEIROZ, foi fundada, na Loja Independência, a Sociedade Beneficente “Jesus de Nazareth”, com a finalidade de atender, com a participação das esposas dos Maçons, os necessitados.

Inicialmente, eram distribuídas cestas alimentícias, roupas e remédios para as famílias necessitadas e devidamente cadastradas. Mais tarde, o ideal de João Guilhen Garcia, de se criar um abrigo para crianças desamparadas se tornou realidade. A Loja, juntamente com seus Obreiros se empenharam e fizeram campanhas até que o prédio da Rua Vital Brasil ficou pronto. A Sociedade Beneficente passou a se chamar Lar Escola Jesus de Nazareth, registrada como entidade jurídica de direito privado.

No início de suas atividades foi um internato e centro de adoções, enquanto o juizado de menores permitiu. Atualmente é uma CRECHE, onde, gratuitamente dezenas de mães trabalhadoras deixam seus filhos para irem trabalhar e essas crianças são alimentadas, recebem assistência médica, dentária e educação durante todo o dia. Esse trabalho só é possível graças às contribuições que os membros da Loja Independência realizam mensalmente à Entidade.

O Lar Escola, atualmente, está filiado a FEAC (Federação de Entidades Assistenciais de Campinas) que, além de contribuir, ajuda na administração, oferecendo orientação especializada.